sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fazer amor.


Deitados em sua cama forrada por lençóis azul-turquesa, ele a fitou com ternura, acariciou o rosto dela com a parte externa da mão direita. Com a mão esquerda, por baixo da blusa que a cobria - um tanto que transparente e convidativa -, escorregou a mão sobre o tronco superior dela, do pescoço, passando por entre os seios até o umbigo. Olhou-a de novo com um misto de intimação e afeição e lhe disse: "Faz amor comigo, agora?". Ela se assustou. Olhou-o com ar de querer misturado com medo e lhe respondeu: "Mas, não estamos sozinhos em casa! A qualquer momento alguém pode abrir a porta!". O mesmo a encarou com um sorriso manso no rosto. Pegou em sua mão, beijo-a. Passou o seu dedo indicador da testa ao queixo dela. Pousou um beijo cheio de amor nos seus lábios. Pregou os seus olhos amendoados nos olhos que pertenciam a ele e lhe retrucou com perspicácia: "Viu? Acabamos, mais uma vez, de fazer amor, sem nem se quer nos tocar por inteiro." Puxou-a para perto do seu peito, afogou-a em seus braços. Ela sorriu, lisonjeada por ter conhecido ele, a quem tanto lhe ensinava sobre a divindade de viver e fazer o amor.


Franciélle Bitencourt.

domingo, 10 de outubro de 2010

Espera.


Ela desliga o telefone. Suspira. Não sabe dizer se foi um suspiro de alívio ou de apreensão.
Antes de apertar o botão "off" do telefone escutou as últimas palavras dele: "Quando eu voltar me dá um abraço, bem forte? Sinto saudades. Eu estou voltando pra perto de você, falta pouco. Te amo, beijo."
Um nó molhado se forma instantaneamente na garganta dela. Nó que se desfeito, se exterioriza em forma de lágrimas. "Deixa o nó aí" pensou ela duramente. Deixa para que ele, quando chegar, o desfaça com um beijo longo e um abraço intenso que irão dizer: "Vem cá, me deixa recompensar esses dias com uma noite de amor quente, que vai desmanchar qualquer nó que esses dias deixaram marcados, nesses corpos que tanto se entendem. Que tanto se querem."
Os nós começarão a se desmanchar. As lágrimas começarão a escorrer.
De ambos. Saudosos de amor.
Ela imaginava tudo isso no seu âmago intocável. Ele esperava o momento que poderia realizar o que ela tanto almejava. Eles estavam sintonizados, no mesmo desejo de se ter.
De novo.




Enquanto isso, ela espera.
Paciente. Ofegante. Acelerada. Amante.



Franciélle Bitencourt.

Quem me dera.


Quem me dera não conseguir transformar dias em inquietudes constantes
Fazer de minhas palavras pássaros que fossem até você levar os meus sussurros de amor.
Quem me dera ser a estrela mais brilhante a se enquadrar na sua janela
Ter a saudade dissipada no vento que tropeça nas palavras, jogadas ao léu.
Quem me dera ter a realidade feita de sonhos acordados, sonhados por você
Transformando angustia em leveza de bem querer.

Quando me calo, quase ouço a melodia ecoada pela sua voz.
Quando me resguardo, quase sinto a sua respiração arrepiar os pelos da minha nuca.
Quando fecho os olhos, quase vejo seu sorriso se aglomerando ao meu.




Meu peito implora. Não demora.




Franciélle Bitencourt.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


"No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."

Caio Fernando de Abreu