Sou Francielle, mas por meu pai teria sido Monique. Nasci
em um verão de janeiro, ao amanhecer, se transformando na realização de uma mãe
que muito me quis e muito sofreu para me ter. Sou promessa. Sou de Nossa
Senhora das Graças. Filha de um casal que sonhava em ter uma família pequena,
porém unida. Sou sangue e honra. Sou dias nublados, mas às vezes, rasgantes de
sol. Sou empatia. Sensível. Sou dente-de-leão. Sou irmã de um único rapaz, mas
gosto de ser irmandade, e a todos também ter.
Sou profundeza, nostalgia, bem-querer. Sou tarde de conversas tolas. Sou
silêncio necessário. Sou branca, preto, sou arco-íris. Sou do que eu quero (ou
tento!) ser. Fragmentos indesejáveis de histórias nem sempre quistas. Sou
coração partido e remendado. Sou mãos, boca, carinhos. Sou acaso. Sou gratidão.
Descaso. Sou casada, tranquila, voraz e
amada. Sou tantas e quase nada. Sou Amélie
Poulain, sonhadora, sou trilha sonora feita por Yann Tiersen. Sou realista, esperançosa. Sou uva Itália, morangos
e chocolate. Sou cheiro, olhos pretos e batom berinjela. Sou vinho, colo, luz
de velas. Sou suspense. Sou filme água com açúcar. Sou desapego, cuidados. Sou Hurt, de Johnny Cash. Sou café quente, pão de queijo, sou entardecer. Sou
atropelo, ansiedade. Sou teimosia e gênio forte. Sou desculpas, erros, sou
poucos acertos. Sou livros, tela em branco, sou tatuagens. Sou mel, sou
fel. O avesso. O equilíbrio do
desequilíbrio meu. Sou amor, acalento, sou vontade de ser. Sou música. Poesia.
Flor, gostos, sou cheiro de jasmim. Sou cabeça nas nuvens, sou pés no chão. Sou
mulher. Sou filha. Sou irmã. Sou o sumo de inúmeras tentativas de acertos. O aglomero
de infindáveis erros. Sou suspiros, fé, sou alma cansada que não cansa de
ser.
Francielle Bitencourt.