segunda-feira, 13 de outubro de 2014



A constância da incerteza. 

É que o tempo passa e as coisas pesam. 

Tentar esconder o que se sente, entupindo o seu dia com uma rotina milimetricamente contada, não te deixa escapar do que no fundo, só te atormenta e te apodrece cada dia mais.




quinta-feira, 31 de julho de 2014

Who I am.




Sou Francielle, mas por meu pai teria sido Monique. Nasci em um verão de janeiro, ao amanhecer, se transformando na realização de uma mãe que muito me quis e muito sofreu para me ter. Sou promessa. Sou de Nossa Senhora das Graças. Filha de um casal que sonhava em ter uma família pequena, porém unida. Sou sangue e honra. Sou dias nublados, mas às vezes, rasgantes de sol. Sou empatia. Sensível. Sou dente-de-leão. Sou irmã de um único rapaz, mas gosto de ser irmandade, e a todos também ter.  Sou profundeza, nostalgia, bem-querer. Sou tarde de conversas tolas. Sou silêncio necessário. Sou branca, preto, sou arco-íris. Sou do que eu quero (ou tento!) ser. Fragmentos indesejáveis de histórias nem sempre quistas. Sou coração partido e remendado. Sou mãos, boca, carinhos. Sou acaso. Sou gratidão.  Descaso. Sou casada, tranquila, voraz e amada. Sou tantas e quase nada. Sou Amélie Poulain, sonhadora, sou trilha sonora feita por Yann Tiersen. Sou realista, esperançosa. Sou uva Itália, morangos e chocolate. Sou cheiro, olhos pretos e batom berinjela. Sou vinho, colo, luz de velas. Sou suspense. Sou filme água com açúcar. Sou desapego, cuidados. Sou Hurt, de Johnny Cash. Sou café quente, pão de queijo, sou entardecer. Sou atropelo, ansiedade. Sou teimosia e gênio forte. Sou desculpas, erros, sou poucos acertos. Sou livros, tela em branco, sou tatuagens. Sou mel, sou fel.  O avesso. O equilíbrio do desequilíbrio meu. Sou amor, acalento, sou vontade de ser. Sou música. Poesia. Flor, gostos, sou cheiro de jasmim. Sou cabeça nas nuvens, sou pés no chão. Sou mulher. Sou filha. Sou irmã. Sou o sumo de inúmeras tentativas de acertos. O aglomero de infindáveis erros. Sou suspiros, fé, sou alma cansada que não cansa de ser.

Francielle Bitencourt.

quarta-feira, 12 de março de 2014




Demorei um bom tempo para me ver liberta e reta, porém desse tempo herdei marcas intensas e profundas. Eu sei que eu sempre encontro uma brecha na dor, e se há algo que eu posso fazer é dançar. E florir. E tentar. De novo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Without.


Tentativa do (re)encontro. Desvendando o vazio. Frio. Dor que dói no peito. Sangra o tempo. Nostalgia derradeira. Tédio desesperançoso. Sede de ser. Que morre.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sabores e dessabores.


Língua mordida. Silêncio escaldado.

Tenho aprendido, na pele que sangra, a falar muito menos e a ouvir muito mais. Não que antes não ouvisse, mas eu dividia a minha vida com a mesma intensidade em que eu abraçava o mundo para cuidar. E o punhal pelas costas veio, na mesma intensidade em que eu distribuía o meu amor por ai. Foi inevitável. Foi inesperado. Mas me abriu os olhos e me fez crescer. Mais um pouco, como tudo que nos faz sofrer. Muitos não carregam consigo a lei do amor recíproco. As pessoas nem sempre são quem você imagina. Você nem sempre é o que pensa ser. Mas isso tudo não quer dizer que desisti do ser humano, apenas estou aprendendo a conservar o meu coração, para oferecer aos límpidos de alma.

Tenho aprendido a dosar empatia com apatia. A mistura perfeita dos dois faz com que você se coloque no lugar dos outros, mas que não se permita deixar de ser você. De viver você. De cuidar de você.

Tenho me consentido sentir todas as coisas que as alternativas, caminhos e escolhas têm me oferecido. Tenho jogado a rotina para o alto - ou pelo ralo. O que parece correto pode ser completamente o contrário. E vice-versa. Não há verdades absolutas e muito menos mentiras irrevogáveis. Tudo depende do ângulo em que se vê. Em que se vive.

Tenho tido menos medo e tomado mais atitudes. Dei-me a possibilidade de arriscar tudo, perder as estribeiras, mudar o rumo total da minha vida. Mas tenho percebido também, que nem todo frio na barriga vale o meu chão.

Estou à procura do meu equilíbrio. Como sempre. Como nunca estive. Tentando dosar a química entre razão e emoção. Extremos são perturbadores de mais. Ter a capacidade de domar as possibilidades é mais atraente do que se possa imaginar.

Tenho deixado à vida ir e vir diante dos meus olhos. Mostro aos outros, o que eu tenho de bom a oferecer. Dou motivos para que se aproximem de mim. Converso olho-no-olho, dou afago e atenção, mas se percebo que sou apenas conveniente durante os dessabores dos dias, já não segura mais a mão.

Quero ser aceita com todos os meus requintes e deficiências. Quero ser inteira. Inteira de tudo que me mantem em equilibro. Tenho esvaecido das mãos de quem me tem como muleta. Tenho dado asas a quem em mim tem se encontrado, e que comigo quer aprender a voar.


Franciélle Bitencourt


domingo, 13 de novembro de 2011

Sem saber...


Eu sou tanto, sou tantas, sinto tanto, transbordo tanto. E como posso querer que me entendam se eu mesma me perco em minha loucuras e estranhezas? Já não sei mais controlar tudo o que sinto e até mesmo o que deixei de sentir. Entrego-me as minhas angustias e fraquezas. Permito-me sentir mais do que o meu peito suporta. Deixo-me derramar em lágrimas. Desfiguro-me em lamúrias.

Meu coração já não reconhece suas batidas, se entristece com o que vê, se lamenta pelo que não alcança mais.

A vida dança ao som de Le Moulin, e aquele sentimento arrancado do meu coração se transforma em batidas perturbadoramente calmas e descompassadas, fora de mim. Sensações descobertas ao acaso, excitações impertinentes e imprudentes. Culpas inexistentes que gritam no meu âmago. Sensibilidade que entorpece e enlouquece. Melancolia inexplicável e persistente. Vontade exorbitante de abafar essa dor que dói no peito. Ambição tremenda de fugir mim.



Franciélle Bitencourt.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sem armadura. Sem medo.



(Aqui está uma parte da conversa sincera que eu tive com a minha pessoa esses tempos. Uma daquelas conversas que eu deveria ter todos os dias da minha vida...)



É duro ficar por dias, meses, quiçá anos, montando a sua armadura contra o amor e tudo que vem junto com ele. Você, menina, sabe que existem coisas boas no amor como a vida a dois, o apego, o sentimento aflorado, os sonhos sonhados acordada, a saudade que dá aquela dorzinha no peito. Mas o problema é quando também vem o ciúme exagerado, a insegurança, a falta de controle – e auto-controle, o medo, a incerteza, a submissão, a rotina gritante, a dependência, a falta exagerada do ar. Você decide compor esse tal casco, quando as coisas boas pesam menos que as ruins, surgindo à necessidade de não querer mais sofrer por nada e por coisas que no fim, só te mostraram que existem para te machucar e te fazer perder o rumo do que é ser você de verdade. E você constrói essa armadura com todo o sofrimento aglomerado pelos tempos de incertezas, pelas noites mal dormidas, pela falta que te faz ter os pés no chão seguro da rotina. E no fim consegue - apesar de toda a dureza e dificuldade - escolher se fechar para o amor, tendo isso como melhor solução a ser seguida. Coloca uma máscara que tenta dizer para os outros sou-mais-feliz-e-segura-sozinha-obrigada e começa a levar os dias, vestida integralmente, com todas essas parafernálias de proteção sentimental e vê, que lentamente, consegue dar conta disso. E realmente se sente mais firme, mais racional, mais forte, mais real. Mas, inevitavelmente depois de um tempo, se sente mais vazia. Mais morna, tépida, sem sal, sem doce. Mas segue assim mesmo, afinal, “melhor meia boca e firme do que sentir mil coisas ao mesmo tempo e não conseguir tomar as rédeas de tudo”.

E depois de um longo tempo, ciente do que você se tornou, a armadura que você montou tão arduamente mostra que fez o trabalho que foi designado a ela corretamente. Mas aquele vazio está ali, dizendo que a sua visão sobre o amor pode estar um tanto que distorcida e pede baixinho por algo que o faça ser trocado pelo cheio. Porém a armadura se mantém ereta e a vida segue por um bom tempo sem muitos deslumbramentos.

Mas você, inesperadamente, é pega por uma daquelas ironias da vida. Conhece um cara diferente de todos. Sem aquele exagerado interesse aparente, sem ser em uma daquelas cenas de filmes de amor que passam à tarde na TV. Alguém sem armadura nenhuma contra o sentimento. E a euforia - por mais que você se esquivasse dela - bate de frente com você, numa paulada só e te faz tremer, mesmo que a sua cabeça tente mandar comandos para fincar as pernas numa parede de ar, o coração não permite. Você se vê de frente com tudo aquilo que arrancou da sua vida um dia. Mas sente que há algumas coisas a mais e outras a menos. O ar se dissipa dentro de você, mas sem exagero. A disritmia toma conta do seu coração, mas não te desespera. E aquela visão distorcida sobre o amor começa a se tornar nítida e limpa ali, na sua frente. Quando você percebe a sua armadura virou pó. Sem você querer, sem você permitir, sem dar tempo para qualquer tentativa de defesa. Todas as suas feridas ficam expostas, latentes. Todas as suas imperfeições, erros, defeitos e dissabores da vida são jogados em cima desse cara sem que você possa se quer correr dali. Sem que você possa se quer sentir vergonha ou medo. E ele limpa tudo isso, te segura à mão - a alma - e sorri. Oferece-se para cuidar das tuas feridas. E com o tempo mostra-te que não há nada melhor no mundo do que amar, cuidar e respeitar de verdade. Esse alguém arruma os seus cabelos grudados no pescoço antes de dormir, te abraça forte pela cintura, te coloca do lado de dentro da calçada por ser mais seguro, te protege da chuva com o seu casaco, te beija a testa-mão-nariz e pinta os seus lábios nos teus. E te mostra que amar é permitir que você seja o que realmente é por inteira. Não te cobra o desnecessário, não te proíbe, não te intimida, não quer te ver sofrer. Esse cara te sopra nos ouvidos a beleza do que é viver. E não te promete mundos e fundos, muito menos uma história e um final de contos de fadas, mas te ensina a aprender com os erros, a ser companheira, a lidar com os momentos difíceis da vida, a viver os dias como se fossem os últimos e a se sentir feliz com a simplicidade de cada momento. Mostra-te que o amor de verdade te faz crescer, em todos os sentidos metafóricos da palavra. Faz-te dormir serena, dando-te motivos pra sonhar e, principalmente, acordar disposta a lutar pela vida. A ser pé no chão como você sempre quis, mas a nunca tirar a cabeça das nuvens. Mostra-te que o amor tranquilo te deixa livre. Esse homem tece o amor junto a você com a linha do tempo. Esse novo e talvez único verdadeiro amor te ensina a ser você. Sem máscaras, sem armaduras, sem medo de viver. Esse cara te ensina o que é amar, pra valer.









Franciélle Bitencourt.




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nem toda flor cheira a perfume.



E quando passamos a olhar as pessoas, fatos, situações mais de perto, a enxergá-los como realmente são, descobrimos que são raras as belezas que vêm acompanhadas de um interior mais atraente, que julgar pelo que parece ser pode acarretar no maior erro das nossas vidas e que nem toda flor cheira a perfume. Porque beleza é quase antônimo de inteligência, falta de interrogações geram percas e decepções para o resto da vida e que flores - por mais belas que pareçam ser - às vezes cheiram a defunto.


Franciélle Bitencourt.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Seja forte, menina!





Viu, menina? Eu lhe disse para não dar ouvidos pra ela. Eu sei que ela é envolvente, chega sorrateiramente, fica murmurando no seu ouvido como quem não quer nada – ou quase nada.

Eu sei que eu aparento sumir às vezes, mas faço isso pra ver até a onde a fé em você mesma é capaz de ti levar. Tem momentos em que eu ti vejo tão fraca, menininha, rendendo-se a todas as dores, pedras e sacrifícios que aparecem no meio do seu caminho. Se eu testo você é porque sei que és capaz. Não duvide disso, não dê ouvidos pra outra que não quer tanto assim o teu bem, minha doce menininha.

Vá! Usa essas asas que você mesma lhe deu e voe pra longe, bem alto e não tenha medo de cair! Caso isso aconteça, levante, sacuda a poeira das mãos, limpe os joelhos, erga-se novamente e se impulsione a voar de novo, quantas vezes for preciso! Mas pra cima, menina. Jamais se jogue pra baixo porque a outra falou, querendo dizer que no fundo é você que quer isso. Não a escute! Ela não é tão boa assim quanto parece ser. Eu sei que às vezes ela lhe pega pelas mãos, te leva pra um lugar bem alto, soltando papinho, passando por caminhos tentadores, agindo gentilmente e prometendo infinitas coisas, mas ela só quer te empurrar lá de cima e pra isso te coloca cara-a-cara com a outra face dela, lá em cima daquele abismo. E diz pra você pular, e diz pra você não ter medo, e fala pra você agir, te chama de covarde, te incentiva a cortar o ar sul e verticalmente.

Tira ela de perto de você, menina. Eu sei que a melancolia e o frio são atrativos pra você, mas olhe pra mim. Olhe pra você. Eu sou bem mais bela do que você imagina, do que você vê. Faço-lhe passar por situações únicas, nem sempre tão bonitas, mas que sempre te ensinaram a crescer, a ser e a moldar você. Abre um sorriso bonito, menina, e veja que a felicidade está a um palmo de você. Jogue-se com tudo pra cima de mim, minha menina, que apenas eu, vulgo Vida, posso mostrar o caminho de tudo que tanto anseias. Solta a mão da Morte, minha menina, e segure a minha, mas bem forte, que ainda tenho o mundo todo pra lhe oferecer.


Franciélle P. de Bitencourt.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Desejo sem pudor.


Vem pra cá, me pega. Ocupa esse espaço vazio, entre você e a minha cama que te chama, com esse calor que transpira do teu corpo vil.

Vem, não se intimide. Minha pele te deseja, meus olhos te perseguem, minha boca quer escorregar pelo teu corpo nu.

Chega mais, me arranque delírios. Sinta meu suspiro no teu dorso, beija minha nuca, siga com esses beijos o caminho que o meu queixo aponta até os meus pés, sem esquecer um canto se quer.

Seja meu, por inteiro. Entregue-se a essa delícia que é o desejo sem pudor, apenas coberto pelo nosso imenso amor.



Franciélle Bitencourt.