sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sou feita.


Hoje quero falar de mim e sobre o que eu penso em relação a algumas coisas. Não por egocentrismo, tampouco por narcisismo, ou qualquer outra denominação, que alguém possa querer dar, para esse momento que é somente meu. Apenas quero – preciso! - disso.

Sinto que tem muito de mim aqui dentro para ser exposto, para ser colocado para fora, que transborda tanto, de tanto ficar aqui, guardado, inatingível por outrem. Sempre tive a sensação de carregar o mundo dentro de mim e nem ao menos conseguir entender o que isso que dizer. O mundo que eu falo é o meu mundo - estranho, fantasioso, doce, nostálgico, só meu. A cada despertar do sol, eu tento aprender um pouco mais sobre as minhas complexidades, a me entender. Até converso comigo muitas vezes – Franciélle, reconstitua-se! Levante-te! Chega de fazer drama! - Sei que tenho que ser dura comigo, quase sempre, senão nem eu mesma poderia me agüentar!

Sou feita de muitas coisas, de muitos sentimentos, muitos momentos, muitas sensações, muitos suspiros, muitos olhares, muitos toques, muitos sonhos, muitos, muitos, muitos... Acho que é por isso que dói tanto às vezes, por tão pouco. Por mais que eu tente me expor, falar, escrever, gritar, às vezes até impor – Me escuta! Olha pra mim! Senta! Acomode-se, aceite essa xícara de café e me ouça, me entenda, ou pelo menos tente! -, o mundo se faz surdo as minhas palavras, e eu me calo, me canso - sem querer me cansar -, acabo deixando pra lá. Na verdade, acho um erro essa coisa de “deixar pra lá”, porque um dia a gente deixa uma coisinha aqui, no outro uma acolá, e quando a gente perceber, deixou passar tantas coisas - de todos os tipos de “coisas” que possam levar esse adjetivo -, que o ressentimento, a mágoa daquele momento, passa a se tornar rotina dentro de si, a doçura e a inocência passam a dar lugar a um buraco feito pelas tentativas de esquecer o que continuava ali, inflamando. Mas “deixar pra lá” é, na maioria das vezes, mais cômodo, todo mundo sabe disso.

Eu gosto de sentir, de analisar, de me dar ao extremo, de me colocar no lugar da outra pessoa a ponto de sofrer pelo que ela sofre. Eu gosto de ser assim. Parece até que eu gosto de sofrer. Talvez possa ser isso, mas duvido que alguém consiga aprender mais com o amor do que com a dor. A dor fortalece, revigora, faz-te confiante, molda-te para novas situações, faz-te crescer para aí sim, dar-se lugar ao amor.

E por falar em me dar ao extremo, eu acho que nunca passei um dia da minha vida sem me dar para alguém. Eu não sou de emprestar, gosto de dar. Quem é que não precisa de colo, de um ombro, uma palavra de conforto, de um sorriso, de um olhar de compreensão, de um aperto de mão sincero, de uma carta, de um beijo, de um carinho, de, de, de... Quem? Dar é se entregar aos outros de corpo e alma, sem pensar em recompensas, sem pensar em receber algo em troca, sem ter maldade no coração. É simplesmente querer ver alguém um pouco mais feliz.

Mas talvez, eu esqueça que a maioria do mundo não pensa assim, que nem todos os seres têm a idéia de que se nos doarmos uns aos outros a nossa vida se torna mais leve, mais doce, mais amena, e talvez por isso eu acabe ficando, quase sempre, sem mim.

Tirei um peso, daqui, de dentro do meu mundo.



Por: Franciélle Bitencourt.


2 comentários:

  1. Sou outro tu.
    Em tua confissão-desabafo me alivio.
    Parabéns por tirar de maneira clara,
    Todas as cores que cultivas dentro de ti!

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  2. Concordo plenamente quando vc diz que a dor molda, o meu crescimento devo a esses momentos. São os momentos difíceis que nos constroem isso é fato. A frase que vc destacou foi a idéia principal de um dos primeiros textos no meu blog, caso queira ver meu ponto de vista está convidada ^^. Já me senti assim, mas eu, ao contrario, sempre fui muito fechada e isso também é um problema. Na verdade me escondo quando algo me machuca o problema é que demoro a ganhar confiança pra sair outra vez. Gostei mesmo do seu blog ^^

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