segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sem armadura. Sem medo.



(Aqui está uma parte da conversa sincera que eu tive com a minha pessoa esses tempos. Uma daquelas conversas que eu deveria ter todos os dias da minha vida...)



É duro ficar por dias, meses, quiçá anos, montando a sua armadura contra o amor e tudo que vem junto com ele. Você, menina, sabe que existem coisas boas no amor como a vida a dois, o apego, o sentimento aflorado, os sonhos sonhados acordada, a saudade que dá aquela dorzinha no peito. Mas o problema é quando também vem o ciúme exagerado, a insegurança, a falta de controle – e auto-controle, o medo, a incerteza, a submissão, a rotina gritante, a dependência, a falta exagerada do ar. Você decide compor esse tal casco, quando as coisas boas pesam menos que as ruins, surgindo à necessidade de não querer mais sofrer por nada e por coisas que no fim, só te mostraram que existem para te machucar e te fazer perder o rumo do que é ser você de verdade. E você constrói essa armadura com todo o sofrimento aglomerado pelos tempos de incertezas, pelas noites mal dormidas, pela falta que te faz ter os pés no chão seguro da rotina. E no fim consegue - apesar de toda a dureza e dificuldade - escolher se fechar para o amor, tendo isso como melhor solução a ser seguida. Coloca uma máscara que tenta dizer para os outros sou-mais-feliz-e-segura-sozinha-obrigada e começa a levar os dias, vestida integralmente, com todas essas parafernálias de proteção sentimental e vê, que lentamente, consegue dar conta disso. E realmente se sente mais firme, mais racional, mais forte, mais real. Mas, inevitavelmente depois de um tempo, se sente mais vazia. Mais morna, tépida, sem sal, sem doce. Mas segue assim mesmo, afinal, “melhor meia boca e firme do que sentir mil coisas ao mesmo tempo e não conseguir tomar as rédeas de tudo”.

E depois de um longo tempo, ciente do que você se tornou, a armadura que você montou tão arduamente mostra que fez o trabalho que foi designado a ela corretamente. Mas aquele vazio está ali, dizendo que a sua visão sobre o amor pode estar um tanto que distorcida e pede baixinho por algo que o faça ser trocado pelo cheio. Porém a armadura se mantém ereta e a vida segue por um bom tempo sem muitos deslumbramentos.

Mas você, inesperadamente, é pega por uma daquelas ironias da vida. Conhece um cara diferente de todos. Sem aquele exagerado interesse aparente, sem ser em uma daquelas cenas de filmes de amor que passam à tarde na TV. Alguém sem armadura nenhuma contra o sentimento. E a euforia - por mais que você se esquivasse dela - bate de frente com você, numa paulada só e te faz tremer, mesmo que a sua cabeça tente mandar comandos para fincar as pernas numa parede de ar, o coração não permite. Você se vê de frente com tudo aquilo que arrancou da sua vida um dia. Mas sente que há algumas coisas a mais e outras a menos. O ar se dissipa dentro de você, mas sem exagero. A disritmia toma conta do seu coração, mas não te desespera. E aquela visão distorcida sobre o amor começa a se tornar nítida e limpa ali, na sua frente. Quando você percebe a sua armadura virou pó. Sem você querer, sem você permitir, sem dar tempo para qualquer tentativa de defesa. Todas as suas feridas ficam expostas, latentes. Todas as suas imperfeições, erros, defeitos e dissabores da vida são jogados em cima desse cara sem que você possa se quer correr dali. Sem que você possa se quer sentir vergonha ou medo. E ele limpa tudo isso, te segura à mão - a alma - e sorri. Oferece-se para cuidar das tuas feridas. E com o tempo mostra-te que não há nada melhor no mundo do que amar, cuidar e respeitar de verdade. Esse alguém arruma os seus cabelos grudados no pescoço antes de dormir, te abraça forte pela cintura, te coloca do lado de dentro da calçada por ser mais seguro, te protege da chuva com o seu casaco, te beija a testa-mão-nariz e pinta os seus lábios nos teus. E te mostra que amar é permitir que você seja o que realmente é por inteira. Não te cobra o desnecessário, não te proíbe, não te intimida, não quer te ver sofrer. Esse cara te sopra nos ouvidos a beleza do que é viver. E não te promete mundos e fundos, muito menos uma história e um final de contos de fadas, mas te ensina a aprender com os erros, a ser companheira, a lidar com os momentos difíceis da vida, a viver os dias como se fossem os últimos e a se sentir feliz com a simplicidade de cada momento. Mostra-te que o amor de verdade te faz crescer, em todos os sentidos metafóricos da palavra. Faz-te dormir serena, dando-te motivos pra sonhar e, principalmente, acordar disposta a lutar pela vida. A ser pé no chão como você sempre quis, mas a nunca tirar a cabeça das nuvens. Mostra-te que o amor tranquilo te deixa livre. Esse homem tece o amor junto a você com a linha do tempo. Esse novo e talvez único verdadeiro amor te ensina a ser você. Sem máscaras, sem armaduras, sem medo de viver. Esse cara te ensina o que é amar, pra valer.









Franciélle Bitencourt.




3 comentários:

  1. Parece que alguém já respondeu a pergunta do seu blog, hein? keiekieke. Parabéns! Grande abraço!

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  2. A questão tempo e espaço nunca foram tão loucas para mim.

    Viver deve ser tipo o jogo mais hard de todo o todo.

    Louco, mágico.

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