segunda-feira, 4 de abril de 2011

Dedicado ao melhor homem do mundo.


Eu estava tentando evitar esse momento, esse instante em que eu teria que colocar pra fora tudo que eu tenho para falar sobre ele, mas que até agora eu não exteriorizei por tentar me defender do que está por vir ainda. E falar dele no passado, do que ele foi, de como ele era, do que ele fez me mostra que realmente, tudo o que passamos no dia 30 de março de 2011, não foi um sonho.
Nesse dia 30 de março de 2011, perdemos o maior alicerce da nossa família de 43 membros, entre tios e tias, primos e avós. Nesse dia, o Cara lá de cima resolveu levar o único homem que conhecíamos que possuísse a sabedoria de um velho e o coração de uma criança.
Foi dele que todos os netos ouviram "Vem cá meu bambino" quando os nossos pais brigavam com a gente, foi dele que todos os netos riram da mexidinha de orelha que ele dava sem rir. Foi ele quem contou as melhores aventuras de caminhoneiro que alguém já viveu por todo esse país a fora. Era ele que dizia "obrigado, obrigado" com dois tapinhas em nossas mãos quando dizíamos "Vovô, eu te amo".
Ele foi o cara que nos mostrou que a paciência é uma virtude, que não vale a pena as brigas e que a força de vontade é o nosso maior tesouro.
Viveu uma vida de rei. Digo isso porque são poucas as pessoas que têm a felicidade de gerar uma família de 43 pessoas, todas encaminhadas na vida, sem vícios, unidas pelo amor que ele e a minha querida avó depositaram nesses 60 anos de casados, no qual surgiu essa família imensa e linda que é a nossa. Teve saúde a sua vida toda, cantou mais de 50 anos no coral da cidade, fazia sua caminhada diária mesmo já tendo 81 anos, sinônimo da saúde de ferro e da firmeza que ainda tinha.
Hoje estou mais calma, mas não mais ciente da situação. Não foi nada fácil ver essas 43 pessoas chorarem desoladamente em cima do corpo dele sem vida. Foi duro, surreal, inesperado, mas hoje vejo que foi real. A gente sempre vê outras pessoas passando por isso mas nunca, eu disse NUNCA imaginávamos que isso fosse acontecer com o nosso vôzinho. Mas aconteceu.
Meu avô perdeu a vida de morte natural. Então paro e penso: "Existe maneira melhor de desencarnar do que essa?". Isso só provou que ele cumpriu a sua parte aqui na Terra, que todas as suas passagens por aqui serviram para ele chegar a evolução plena e o levaram ao descanso eterno e que, provavelmente, ele não precisará mais voltar.
Eu sei que ele já sabia que havia chegado a sua hora. Ele se despediu de toda a família, não escancaradamente, mas quem tinha o sentido um pouco mais aguçado, percebia que ele estava fazendo isso.
Hoje me pego a pensar diariamente que a vida nada mais é do que uma folha de árvore que, qualquer sopro do vento, pode levá-la ao chão. Percebo também que não há tempo para o amanhã, que a necessidade de viver o hoje é imensa e que a certeza da morte é maior do que a da vida. Nada de sofrer por besteiras, de perder tempo para o supérfluo e de se importar com quem não se importa com a gente. Como diz o nosso grande Renato Russo: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há".
O certo é vivermos sim, cada dia como se fosse o último e a cada anoitecer vivos, pararmos e perguntarmos a nós mesmos se o que vivemos até agora foi o suficiente e se morrêssimos hoje, morreríamos felizes.
Tenho tentado colocar em prática todo o nada que sei sobre a vida e a morte, e com isso não tenho chorado tanto pela morte do meu avô. Me dói sim a sua partida, mas tenho transformado a dor em boas lembranças e em saudade. Sei que ele está em um lugar bem melhor agora, e que está colhendo tudo o que ele fez de bom aqui na Terra. Agora eu sei que temos que ficar mais unidos do que nunca e colocarmos em prática todos os ensinamentos desse velhinho querido que foi o nosso avô.
"Aonde quer que eu vá, vou ti levar pra sempre". Sempre vô.
Acho que não falei tudo o que eu tinha pra falar, mas por enquanto, é o suficiente.
Essa família aí da foto te ama muito e pra sempre.


Franciélle Bitencourt.

6 comentários:

  1. Meus sentimentos, Fran. Sei o que estás passando, mas como você disse, a dor pode ser transformada em boas lembranças e saudade. É o que fica de mais valioso de pessoas tão especiais como tenho certeza que seu avô era.

    Beijos. :**

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  2. Que linda a homenagem Fran...nosso Vozinho concerteza adorou!
    Já disse e repito: O céu ganhou mais uma estrela Francisco De Lucca Pizzetti...Vô eu sempre vou te amar, por toda a minha vida eu sei que vou te amar!

    Cristina Pizzetti

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  3. Meus sentimentos Fran...
    Sei que num momento como esse, não há palavra que conforte. Meu primeiro encontro com a morte foi há 4 anos, e foi justamente com meu avô. Pode parecer besteira, mas até hoje não consigo passar em frente a casa dele sem me emocionar. Sei lá, é algo mais forte que eu. Mas, diferente de algum tempo atrás, hoje me lembro dele com lágrimas de alegria. Lembro-me dos momentos bons, das apostas que eu fazia com ele, dos desafios que ele me dava. Bate uma saudade imensa, e por isso, passo dias, até semanas, extremamente pra baixo, mas faz parte. O importante disso tudo está dentro de você: O aprendizado que ele lhe proporcionou; os momentos bons que ele lhe proporcionou; tudo isso está eternizado em ti, e as coisas boas, elas duram para sempre.
    De coração Fran, saiba que desejo que tudo se normalize para ti o mais rápido possível.

    Beijos.

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  4. Adorei!
    Muito lindo!
    Beijos meus querida e um bom final de semana pra ti!

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  5. Tenho certeza que ele adorou a homenagem. Você escreve com o coração e isso basta.

    Conta comigo sempre amiga :*

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